Balneário Camboriú será a primeira cidade do Brasil a tratar água da chuva; afirma diretor da Emasa

Em 13/09/2025
por Érica Guckert

Balneário Camboriú pode se tornar pioneira no país em uma inovação ambiental: o tratamento da água da chuva antes de chegar ao mar. O diretor-presidente da Emasa, Auri Pavoni, anunciou durante entrevista à Rádio Menina, nesta sexta-feira, 12, que centrífugas serão instaladas na galeria do canal do Marambaia para reter microplásticos, óleo e outras impurezas. 

Segundo ele, essas estruturas devem impedir a passagem desses materiais para o Rio Camboriú. “Toda a água da chuva que entrar na galeria, antes de ir para o mar, passará por centrífugas. Todo o sólido dessa água será retido ali. Ao todo, 65% do que chove na nossa cidade, a bacia hidrográfica carrega para o Canal Marambaia e vem para o Rio Camboriú”, explicou.

Essa novidade integra o Projeto Praia 100% Limpa, que deve ter início em outubro. A iniciativa promete tornar a orla balneável o ano inteiro, mesmo após as chuvas, com medidas que vão desde a recuperação dos pontos críticos da Praia Central até a redução da poluição no Rio Camboriú e a correção de problemas na rede. 

Um levantamento recente realizado pela Emasa identificou infiltrações de água subterrânea e ligações de esgoto irregulares, que sobrecarregam o sistema, aumentam os custos e comprometem a qualidade da água no município.

Segundo ele, foram analisados cerca de 12 km dos 330 km de rede de esgoto do município e, somente nesse trecho, identificaram mais de 40 ligações irregulares. O diretor explicou que essas ligações foram feitas da rede pluvial (água da chuva) para a rede cloacal (esgoto sanitário e pias de residências), o que é irregular, já que o esgoto cloacal contamina a rede pluvial, causando problemas de balneabilidade, entre outros.

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Como medidas para solucionar esses problemas, Pavoni destacou que as obras do projeto Praia 100% Limpa exigem uma intervenção na Avenida Brasil. “Temos que corrigir nosso emissário na Avenida Brasil. Vamos fazer duas linhas paralelas de esgoto para coletar todo o esgoto direto da Avenida Brasil e isolar aquele que vai embaixo para o emissário”, explicou.

Ele também detalhou que essas ações são necessárias para que a empresa contratada possa realizar trabalhos de vitrificação na tubulação, que é o processo que cria uma camada interna de proteção nos canos, vedando fissuras e aumentando a durabilidade da rede. O diretor informou ainda que a operação está prevista para começar em outubro e deve durar cerca de dois meses, sendo suspensa no início de dezembro por conta da temporada de verão.

Ainda segundo a Emasa, o investimento neste trecho é de mais R$2.853.000,00. O plano inclui a recuperação do emissário principal da avenida, a instalação de novas linhas auxiliares em pontos críticos e a contratação de empresa especializada para identificar e corrigir ligações clandestinas. A intenção é reduzir o volume excedente tratado pelo sistema, que atualmente está até 60% maior que o esperado. O valor total da obra é estimado em cerca de R$60 milhões.

“Essa tubulação nós ainda estamos orçando, porque são empresas que não temos em Santa Catarina, precisam vir de fora. Temos um orçamento de R$ 15 a R$ 19 milhões por quilômetro. Então, estima-se que vamos gastar, só na Avenida Brasil para concluir tudo, em torno de R$ 60 a R$ 70 milhões”, explicou o diretor. Ele também afirmou que os recursos são próprios da Emasa.

Trânsito e duração das obras

Durante os trabalhos, as duas pistas da Avenida Brasil seguirão liberadas para o tráfego. Apenas no ponto exato das intervenções uma das faixas será interditada. O diretor destacou que o prazo máximo para a conclusão de toda a obra é de dois anos.

“O nosso objetivo é, em 18 a 24 meses, estarmos com esses serviços todos prontos, seja cloacal no cloacal, pluvial no pluvial. Vamos eliminar as infiltrações e, assim, poderemos ter uma praia própria para banho, independente de chuva. Não vamos depender de ações climáticas”, completou Auri.

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